...Podem parecer sinónimos,
ideia igual, mas são diferentes no sentir.
Lembrança é da memória, saudade é da alma.
Lembranças surgem com um cheiro,
uma música, uma palavra.
Saudade surge sozinha,
emerge do fundo do peito onde é guardada com carinho.
Lembrança pode ser boa, mas quando não é,
pode-se afastá-la convocando outra lembrança ou convocando outro
pensamento para o lugar, ligando a TV ou lendo o jornal.
Saudade é sempre boa, mesmo quando dói
e não se apaga mesmo que outra pessoa tente ocupar o lugar vazio.
Ela pode coexistir com um novo amor, sem machucá-lo.
Lembrança é de algo real, de um lugar, uma época, uma pessoa.
Saudade pode ser do que não houve, de uma possibilidade,
de lábios jamais tocados.
Lembrança pode ser contada, medida, localizada, e com algum esforço,
pode até ser calculada com uma estúpida fórmula de matemática.
Saudade é dos poetas, é pautada em rimas e melodias;
vontade de ver outra pessoa, segundo os poetas,
teria outro nome, seria uma saudade com tempero.
Lembrança pode ser sem som, pode não doer.
Saudade jamais é sem som.
Se ela não vier com música de fundo, nos colocamos,
só para ficar mais bonita, mais linda de se sentir,
para preencher mais a alma vazia.
Lembrança vence a morte,
mas conforma-se com a ausência, respeita convenções.
Saudade ignora a morte, vence distâncias, barreiras e preconceitos.
Lembrança aceita o nosso comando, vai e volta quando queremos.
Saudade é irreverente, independente e auto suficiente.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
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