sábado, 30 de janeiro de 2010

Armaguras...

Passeio por entre as casas habitadas no meio das antigas casas abandonadas e passeios já sem calçada.

Vejo nas casas antigas árvores já sem folhas, junto das casas já sem telhado o meu abrigo da intensa chuva de mágoa. E aqui sob as desprotegidas árvores, vejo a vida trair-me a cada instante do tempo passado que não consigo controlar, mas no qual desejo mandar. Voltar atrás , dar mil voltas num passado acabado, gritar numa montanha russa de emoções, mas disse-me um passarinho triste e sem cor que não posso, que não me é permitido. E assim, permaneço aqui, em milhares de sonhos inacabados, ouvindo dizer que não passo de um sonhador que não sabe o que faz, que, por ruas e ruelas, não sabe que caminhos percorre.

E voando ao sabor do vento, tento não ouvir as palavras ocas que tantos dizem por dizer.


Desilusão, desilusão, desilusão...


sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Ser o Que Não Sou...


Ser o que não sou
é estar atolado de merda até ao pescoço,
é andar por aí às escondidas
em frente de toda a gente
a exibir o melhor fato enrugado de maus cheiros.

Passar-me por quem não sou
é nadar numa piscina seca
e fazer de conta que a água está fria.

Que puta de hipocrisia
é ser o que não sou,
é como cheirar um ovo podre
e dizer que cheira bem sorrindo sem dentes.

Ser o que não sou
é ser merda em pessoa,
é mastigar terra suja de odor amargo
com ar de quem está a saborear um doce pudim,
apesar de há muito estar bolorento.

Ser o que não sou
é pior que estar na merda,
é ser a merda que não sou.

Sou a merda que sou
porque não sou essa merda
que me faço ser para não ser merda.


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Meu coração esteve sempre


MEU CORAÇÃO esteve sempre
Sozinho. Morri já...
Para que é preciso um nome ?
Fui eu a minha sepultura.

Fernando Pessoa

Quanta melancolia!

AH, QUANTA melancolia!
Quanta, quanta solidão!
Aquela alma, que vazia,
Que sinto inútil e fria
Dentro do meu coração!

Que angústia desesperada!
Que mágoa que sabe a fim!
Se a nau foi abandonada,
E o cego caiu na estrada -
Deixai-os, que é tudo assim.

Sem sossego, sem sossego,
Nenhum momento de meu

Onde for que a alma emprego -
Na estrada morreu o cego
A nau desapareceu.
Fernando Pessoa

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Serei um vencedor?

Dizem por ai que vencedor é aquele que ganha, que chega primeiro onde todos queriam chegar, é aquele exclusivo.
Dizem que vencedor é aquele que acerta, que consegue o que quer, que dá autógrafos, que sai em jornais.
Dizem que vencedor é aquele que mereceu, aquele que todos pensavam que ia vencer.
Na vida temos opiniões baseadas no que todos pensam, querer ser diferente as vezes torna-se um grande desafio.
Algumas vezes aprendemos a verdade, ou pelo menos o que pensamos ser verdade.
Descobrimos que vencedor não é simplesmente o que ganha, mais aquele que vai a luta com a incerteza de vencer.
Descobrimos que vencedor é aquele que batalha numa coisa que todos querem, é aquele que cede quando vê que não tem mais hipoteses.
Aprendemos que vencedor é o homem que leva comida para casa mesmo sabendo que é insuficiente para os filhos.
Aprendemos que vencedora é a mulher que é pai e mãe e tem tempo para ser ela mesma.
Aprendemos também que vencedores são aqueles que tentam várias vezes, sem desistir do que querem.
Percebemos que vencedor é aquele que batalha com todas as forças pelo que quer, mesmo sabendo que por instantes o que quer pode ser impossível e o possivel pode estar bem perto e ele não perceber.
Temos a mesma consiencia, a mesma força, basta querer usá-las. Nenhum ser é diferente, apenas escolhe outras formas para desfrutar as suas habilidades, e assim segue ou ganhando, ou perdendo.
Todo ser humano requer algo para ser feliz, algo para se sentir bem. Os vencedores formam-se por objetivos, quanto mais lutar e quanto mais precisar dos seus valores, será o tanto que ira receber no que quer... é apenas tentar.